Duas semanas após a assinatura do acordo da transferência do controle do metrô para o governo do estado, a prefeitura encaminha hoje à Câmara de Vereadores o projeto que formaliza o processo que garante a cessão da Companhia de Transporte de Salvador (CTS) ao Palácio de Ondina.
A previsão não é assegurada totalmente, pois o líder do governo, Joceval Rodrigues (PPS), evita falar em datas, porém a própria liderança admite que a matéria deve desembarcar dentro do prazo. “Não gosto de delimitar datas, mas o governo vai encaminhar antes do prazo. Se o prazo acaba amanhã (hoje), o projeto chega à Câmara”, avaliou Joceval.
Apesar dos termos da transferência da CTS estarem firmados desde a assinatura do convênio, no dia 23 de abril, a prefeitura maturou a gestação da matéria antes de encaminhar para a Câmara. A postura foi um pouco diferente da adotada no plano estadual, quando a Assembleia aprovou o aceite da companhia no dia seguinte ao entendimento com o governo do estado.
“Tudo estava acordado há algum tempo, mas os detalhes foram discutidos ao longo dos últimos dias”, relatou o líder do governo. Ainda que haja certa demora, entretanto, Rodrigues analisa que o projeto deve tramitar sem muitas dificuldades, inclusive com a oposição. “O caminho é para que seja votado o mais rápido possível. É interessante para todo mundo a aprovação da transferência do metrô”, completou a liderança governista.
Mesmo que os interesses sejam convergentes entre governo e oposição na Câmara – que no plano estadual ocupam lugares diametralmente opostos –, o líder oposicionista Gilmar Santiago (PT) não perdeu o espírito de alfinetar a administração do prefeito ACM Neto. “Queremos que chegue imediatamente para que tenha uma tramitação rápida, como aconteceu na Assembleia. Não entendo o porquê da demora”, provocou o petista.
Questionado sobre um indicativo do governo estadual para que a oposição não dificulte a análise da matéria, Santiago assegura que a definição para que o projeto passe rapidamente pela Câmara não parte diretamente do Palácio de Ondina. “O governo do estado sabe que quando esse projeto chegar, nós somos os mais interessados em votar. Quanto mais rápido votarmos, mais rápido a licitação vai para as ruas”, frisou a liderança da oposição.
Segundo a previsão de Joceval, a palavra da oposição tende a ser cumprida e o projeto deve caminhar sem entraves. Vereadores ligados ao governo, porém, admitem que o momento não é dos mais adequados para a chegada de um projeto complexo como a transferência de uma empresa municipal. “O clima não é dos melhores e vai ser necessária muita articulação para que o projeto passe sem problemas pela Casa. A oposição pode não criar tensão, mas dentro da base é possível que haja certos questionamentos”, afirmou em reservado um vereador.
Para o vice-líder do governo no Legislativo, Léo Prates (DEM), a informação de que pode haver tensão não é confirmada. Na opinião do democrata, a demora para o projeto chegar à Câmara deveu-se apenas por conta de pequenos detalhes na redação do projeto. “Deve chegar até amanhã. Faltavam alguns detalhes. O projeto de transferência não é tão simples quanto parece”, sugeriu Prates.
Bem articulado junto ao Palácio Thomé de Souza, a vice-liderança apontou que, além da transferência da CTS, outro projeto importante do Executivo deve desembarcar na Casa. “O governo deve mandar nos próximos dias um projeto relacionado à Secretaria de Desenvolvimento, Turismo e Cultura”, apontou, sem, entretanto, dar quaisquer detalhes. “Não posso adiantar”, tangenciou.
Fonte: Tribuna da Bahia