Criada em 2010 para prestar serviços logísticos, a Valor da Logística Integrada (VLI), que tem a Vale como principal acionista, viu em 2015 o escoamento de grãos representar 50% de sua movimentação no país.
O avanço do setor em seus negócios acontece no momento em que a empresa inaugura dois terminais de transbordo de grãos para atender a região do “Matopiba” – confluência de Maranhão, Tocantins, Piauí e oeste da Bahia – onde a expansão da lavoura é crescente e não há concorrência ferroviária.
Em entrevista ao Valor, o diretor comercial da VLI, Fabiano Lorenzi, disse que a companhia prevê atingir uma capacidade anual de 22,5 milhões de toneladas de soja, farelo de soja e milho na safra 2017/18, quando os investimentos mais vultosos tiverem sido efetivados.
“O aporte de R$ 9 bilhões, previsto em nosso plano de negócios, será concluído até o ano que vem. Depois é só a maturação dos projetos”, afirmou ele antes de viajar para a inauguração dos terminais em Porto Nacional e Palmeirante, em Tocantins, prevista para hoje.
Segundo Lorenzi, em 2010 o transporte de soja e milho pela VLI representava um terço da movimentação total, e o restante era dividido entre os segmentos siderúrgico e industrial. Em 2015, só as ferrovias da empresa transportaram 15 milhões de toneladas de grãos, de um total de 50 milhões de toneladas. “Somadas atividades ferroviárias e portuárias, os grãos já respondem por 50% do nosso movimento”, disse ele.
A guinada vem no momento em que a produção de soja do Brasil bate novo recorde, na contramão de outros setores da economia, demandando mais infraestrutura. A chegada de novos acionistas também reforçou o viés agrícola da empresa sediada em Belo Horizonte.
Além da Vale, que detém 37,6% da VLI, a japonesa Mitsui tem 20%, o Fundo de Investimento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FI-FGTS) conta com 15,9% e um fundo da Brookfield Asset Management com 26,5%. “A entrada dos acionistas deu suporte ao nosso plano. Mas queremos ter um portfólio equilibrado. O mix dependerá de como se comportará a indústria nos próximos anos”, afirmou o executivo.
Uma das principais apostas da VLI está no Corredor Centro-Norte, que compreende 720 quilômetros de trilhos entre Palmas (TO) e Açailândia (MA), de onde os vagões seguem pela Estrada de Ferro Carajás (operada pela Vale) até o Porto de Itaqui, em São Luís. Entre 2012 e 2015, o escoamento de grãos (sobretudo soja) subiu de 2,6 milhões para cerca de 4,2 milhões de toneladas no corredor, representando 54,5% do volume total escoado pelo trecho no ano.
“Com os dois novos terminais de transbordo que a VLI inaugura hoje, a capacidade de escoamento do corredor crescerá em 6 milhões de toneladas, para 10 milhões de toneladas de grãos ao ano”, disse Lorenzi.
O corredor atende à produção de grãos de regiões do “Matopiba” até então sem alternativa de escoamento a não ser o caminhão. “Para nós a diferença é que no ‘Matopiba’ fomentamos o desenvolvimento agrícola como um todo, enquanto em Santos o projeto é ganhar mais eficiência nas operações”, acrescentou.
A empresa investiu R$ 1,7 bilhão no Corredor Norte-Sul, entre a construção dos terminais intermodais, a aquisição de locomotivas e vagões, a ampliação de pátios ferroviários e a construção do ramal de acesso do Terminal de Grãos de Maranhão (Tegram), entregue no ano passado.
Além do Norte, a companhia opera com grãos em Tubarão (ES), num projeto considerado modelo em integração, com embarques anuais de 7 milhões de toneladas por ano, e espera começar a exportar no primeiro semestre de 2017 pelo Tiplam – Terminal Integrador Portuário Luiz Antonio Mesquita, em Cubatão (SP).
O terminal, herdado pela Vale após a compra da Fosfertil, tem capacidade de receber 2,6 milhões de toneladas de enxofre, rocha fosfática e fertilizantes por ano. A toque de caixa, a VLI avança com as obras de expansão para escoar também grãos e açúcar e quintuplicar a capacidade de movimentação do terminal.
A VLI diz ter aportado 60% dos R$ 9 bilhões previstos para todos os investimentos, utilizando recursos próprios e financiamento do BNDES. O Capex para 2016 é de R$ 2 bilhões. Questionado sobre uma possível participação nas concessões ferroviárias ou portuárias do governo federal, o executivo disse que os esforços no momento são entregar aos acionistas o cumprimento do plano de negócios. Nesse sentido, descartou ofertas por portos.
Fonte: Valor Econômico