Nos trens de cidades como Tóquio e Osaka, no Japão, o aviso de portas fechando vem em forma de música. Em vez de um apito agudo, são tocadas melodias curtas e agradáveis, elaboradas sob encomenda para acalmar os passageiros na hora do rush.
As canções duram sete segundos cada, tempo considerado o mais efetivo para gerar um efeito relaxante. Este também é o intervalo ideal para que o embarque seja concluído e o trem possa partir sem atrasos.
Estes jingles, chamados de “hassha merodii”, começaram a ser implantados em Tóquio em 1989. Seu objetivo é avisar que a composição vai partir, mas sem criar ansiedade.
Um estudo realizado em 2008 apontou que, após a adoção das melodias, houve uma queda de 25% no número de acidentes causados pela pressa dos passageiros, como correr para entrar num trem que está prestes a fechar as portas.
“Quero que os passageiros fiquem felizes”, disse Minoru Mukaiya, 61, criador das “hassha”, em entrevista à agência AFP.
Mukaiya compôs mais de 170 jingles para várias linhas de trem e de metrô no Japão. Ele mantém uma conta no Twitter, com 33 mil seguidores, e segue desenvolvendo novas melodias.
Algumas das músicas lembram trilhas de animes, de jogos de video-game, vinhetas de TV ou os antigos toques polifônicos de celular. O vídeo abaixo traz várias delas.
Ao longo dos anos, foram sendo criadas composições diferentes para cada uma das paradas, que levam em conta fatores como a arquitetura e a história dos bairros.
Ao partir de Shibuya, por exemplo, em um dos sentidos o trem precisará subir uma elevação para chegar à próxima estação. Assim, a melodia dela tem som em ordem crescente.
Em Takadanobaba, área retratada no desenho “Astro Boy”, há uma composição inspirada na abertura da série.
A ideia é que a soma dos sons de cada parada de uma mesma linha tenham coerência e formem uma espécie de música única ao longo da viagem.
O metrô de Tóquio é um dos mais cheios do mundo e transporta diariamente cerca de 8 milhões de pessoas. Como comparação, o metrô de São Paulo recebe em média 3,7 milhões de passageiros por dia.
Na capital paulista, a adoção de músicas em trens e estações gera polêmica na cidade. A experiência japonesa mostra que usar o som de forma pontual pode ser mais interessante do que tocar canções aleatórias em tempo integral.
Fonte: Folha de São Paulo