Puxado pelo bom andamento das safras de soja e milho, e com destaque para um forte avanço previsto para o “Matopiba” (confluência entre os Estados do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia), o valor bruto da produção (VBP) agropecuária do país caminha a passos firmes para se recuperar do tombo observado em 2016, quando adversidades climáticas prejudicaram a colheita desses grãos de diversas outras culturas, e estabelecer um novo recorde histórico.
Segundo levantamento divulgado ontem pelo Ministério da Agricultura, o VBP da agropecuária nacional (“da porteira para dentro”) deverá somar R$ 547,9 bilhões em 2017, R$ 2 bilhões a mais que o projetado em fevereiro e montante 3,2% (R$ 16,9 bilhões) superior ao calculado para 2016.
Para os 21 produtos agrícolas que fazem parte da pesquisa, o ministério passou a prever VBP de R$ 367,1 bilhões, R$ 2,6 bilhões acima da previsão do mês passado. Se confirmado, esse total representará um aumento de 6,3% (R$ 21,6 bilhões) em relação ao ano passado.
Para o VBP dos cinco principais produtos da pecuária brasileira, contudo, a estimativa do departamento de gestão estratégica do Ministério da Agricultura recuou para R$ 180,8 bilhões, ante os R$ 181,3 bilhões estimados em fevereiro e os R$ 185,5 bilhões de 2016.
Entre todos os produtos que compõem o levantamento, a soja é o carro-chefe, com VBP agora projetado em R$ 124,7 bilhões, um incremento de 7% sobre o ano passado. Mas, nesse front, o grande destaque é a recuperação do milho depois das perdas observadas no ano passado. Para o cereal, o ministério elevou sua previsão de VBP em 2017 para R$ 55,7 bilhões, 33,6% mais que em 2016.
Entre a soja e o milho estão os bovinos, com VBP estimado em R$ 72,4 bilhões, em queda de 2,3% na comparação com o ano passado. Na sequência vêm a cana-de-açúcar (R$ 54,6 bilhões, alta de 2,2%) e o frango (R$ 49,8 bilhões, baixa de 11%). Enquanto a cana continua a se recuperar de uma crise que marcou boa parte desta década, bovinos e frango sentem a pressão, sobretudo, de um mercado doméstico ainda retraído para as carnes.
Os aumentos projetados para os VBPs da soja e do milho influenciam diretamente as recuperações previstas para os valores da produção agropecuária dos Estados que formam o “Matopiba”. Para o conjunto dos quatro Estados, o novo cálculo do ministério aponta para R$ 41,5 bilhões em 2017, 24,3% mais que no ano passado. Segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), apenas a colheita de grãos no quarteto, muito afetado pelas intempéries causadas pelo El Niño no ciclo 2015/16, aumentará 68% nesta safra 2016/17, para 20,5 milhões de toneladas.
No Piauí, onde a produção de grãos deverá crescer 134,4%, para 3,5 milhões de toneladas, o VBP da agropecuária tende a subir 152,6%, para R$ 4,8 bilhões. No Maranhão, o aumento projetado para a colheita é de 90,2%, para 4,7 milhões de toneladas, e a alta do VBP está calculada em 41,5%, para R$ 7,5 bilhões. Na Bahia, são esperados, respectivamente, incrementos de 38%, para 7,3 milhões de toneladas, e 11,8%, para R$ 22,8 bilhões. E para Tocantins agora estão estimados crescimentos de 53,7%, para 4,7 milhões de toneladas, e 10,3%, para R$ 6,4 bilhões.
Mato Grosso lidera tanto a produção brasileira de grãos (56,1 milhões de toneladas em 2016/17, segundo a Conab) quanto o VBP da agropecuária (R$ 78,5 bilhões este ano).