Um acordo do Governo Federal com a Vale vai garantir investimento cruzado na construção de duas ferrovias. Trata-se da contrapartida da mineradora, após conseguir autorização para assinar a renovação antecipada de duas concessões já operadas por suas empresas de logística, a Estrada de Ferro Vitória-Minas, na região Sudeste, e a Estrada de Ferro Carajás, no Maranhão.
Segundo o Estadão, a Ferrovia de Integração Oeste-Leste (Fiol), uma das maiores obras em execução no país, será beneficiada com o acordo no seu segundo trecho, entre os município de Caetité e Barreiras (Fiol II). Reportagem da Agência Sertão mostrou que o ritmo das obras está muito lento nos três lotes em construção, no entanto, a expectativa é de que os trabalhos sejam intensificados a partir de 2021.
O recurso de R$ 410 milhões será destinado para a compra de trilhos que ainda faltam para a conclusão da obra. A aquisição será feita por meio de uma licitação internacional, já que o Brasil não tem fábrica do material. O certame está previsto para começar no início de 2021.
O ministério de Infraestrutura planeja deixar o trecho pronto para concessão no final de 2022, assim como a Fiol I, que tem cerca de 80% de conclusão e espera apenas a liberação do Tribunal de Contas da União (TCU) para que possa receber investimento privado para finalização e exploração comercial. A estimava do investimento para a conclusão da Fiol I é de R$ 1,6 bilhão.
A Bahia Mineração (Bamin), empresa cazaquistanesa controlada pelo Eurasian Resources Group (ERG), começou a exploração em pequena escala do minério da mina Pedra de Ferro em Caetité e iniciou a construção do Porto-Sul, em Ilhéus. As obras começaram após mais de cinco anos de projetos e discussões sobre a localização onde o porto poderia ser erguido.
Para a Fiol III, que ligará Barreiras à Ferrovia Norte-Sul, o ministério da Infraestrutura planeja conseguir recursos em um outro acordo de renovação antecipada de concessão, desta vez da Ferrovia Centro-Atlântica (FCA). O projeto inicial prevê a ligação de Barreiras a Figueirópolis, no Tocantins, entretanto, há a possibilidade do traçado ser modificado ligando ao município de Mara Rosa, em Goiás, fazendo uma conexão direta com a Ferrovia de Integração do Centro-Oeste (Fico).
Será para esta ferrovia a maior parte dos recursos do acordo de antecipação feito com a Vale. Este projeto existe há 10 anos e ainda não saiu do papel. A ferrovia terá seu início em Mara Rosa, em Goiás, município cortado pela malha da Ferrovia Norte-Sul, eixo central de ligação ferroviária do País. Seu traçado seguirá até Água Boa, em Mato Grosso.
Com isso, abrirá uma nova rota para o Vale do Araguaia, facilitando o escoamento de grãos para a região produtiva do Mato Grosso que mais cresce nos últimos anos. A fico terá 383 quilômetros de extensão e o investimento será de R$ 2,73 bilhões, com prazo de quatro anos para entrega.
Outra projeto antigo que pode sair do papel com investimento privado é a Ferrogrão, ferrovia com seus 933 quilômetros entre Sinop (MT) e Miritituba (PA) e investimentos previstos de R$ 8,4 bilhões somente em sua construção. O leilão para concessão está previsto para o primeiro trimestre de 2021.
Andamento das Obras da Fiol
Fiol II (Ilhéus/Caetité)
O lote 5 avançou pouco mais de 4% nos últimos 12 meses e tem apenas 44,62% de conclusão. Este trecho compreende 162 quilômetros entre Caetité e a ponte sobre o rio São Francisco, no município de Bom Jesus da Lapa. O principal canteiro da obras fica em Guanambi. No ritmo dos últimos 12 meses, seriam necessários pelo menos mais 13 anos para que o trecho chegue a 100% de conclusão.
As obras da Fiol na região tiveram fôlego renovado no segundo semestre de 2018 e seguiram avançando com maior intensidade até julho do ano seguinte, quando os recursos para execução sofreram contingenciamento. No intervalo de aproximadamente um ano, cerca de 16% do serviço foi executado, quase quatro vezes mais do que o executado no período seguinte. Nos dois anos anteriores, as obras ficaram praticamente paradas.
Na época, o Consórcio Fiol, responsável pelas obras do lote 5, foi comunicado pela Valec que não deveria abrir novas frentes de trabalho. As obras chegaram a ficar paralisadas por alguns dias e o quadro de operários foi reduzido pela metade. Desde então, todos os esforços foram concentrados em um trecho de 19 quilômetros entre os distritos de Morrinhos (Guanambi) e Brejinho das Ametistas (Caetité). Este é um dos trechos com topografia mais complicada para execução dos serviços.
Apenas uma pequena equipe trabalha na soldagem de trilhos no trecho com dormentes já lançados entre o distrito de Ceraíma (Guanambi) e o município de Riacho de Santana.
Além do trecho entre Morrinhos e Brejinhos das Ametistas, que ainda não foi completamente aberto, nada foi feito em um trecho de 15 quilômetros entre Morrinhos e Ceraíma. Nesta parte ainda há pendências ambientais e dificuldades naturais como o contorno próximo à barragem de Ceraíma e a proximidade do traçado com a Vila de Ceraíma, onde pode ser necessário a remoção de moradores de suas casas com o avançar das obras.
Fonte: HR Bahia