A Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM) e a Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU) são as estatais públicas que estão na mira dos governos Bolsonaro, Dória (SP) e de outros governos estaduais
Alertar a população sobre os pontos nefastos das privatizações no setor de transportes e mobilizar os trabalhadores e trabalhadoras contra o desmonte do serviço público foram alguns dos principais temas debatidos na última quarta-feira (5 de fevereiro) no Encontro Interestadual dos Ferroviários, realizado na sede da CUT, no Brás, em São Paulo.
O evento foi promovido pela CUT-SP, por meio da Secretaria de Organização e Políticas Sindicais, e reuniu dirigentes dos sindicatos metroviários e ferroviários das regiões de São Paulo, Belo Horizonte, Salvador, Recife, Bauru (SP), Caxias do Sul (SP), Juiz de Fora (MG) e Santa Catarina. A atividade contou com o apoio da Federação Interestadual dos Trabalhadores Ferroviários da CUT (FITF) e da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Transportes e Logística (CNTTL).
Na abertura, o presidente da CNTTL, Paulo João Estausia, Paulinho, abordou os retrocessos e ataques dos governos federal e estaduais de extrema direita à classe trabalhadora.
“Tudo o que está acontecendo não é novidade para nós, já sabíamos que é a intenção desses governos é acabar com os sindicatos e com os direitos dos trabalhadores. Temos que nos organizar e resistir a esses ataques”, frisa.
Paulinho convocou os ferroviários a se somarem às lutas da CNTTL neste primeiro semestre. “Faremos duas grandes mobilizações: em 17 de abril um Protesto com paralisação Nacional da nossa Campanha Salarial dos Trabalhadores em Transportes e outro, no dia 8 de maio, contra as pautas de retrocesso do governo Bolsonaro”, disse.
O Secretário de Relações do Trabalho da CUT/SP e diretor da CNTTL, Wagner Menezes, Marrom, ressaltou que é extremamente importante a organização dos ferroviários para enfrentar e barrar os ataques que virão pela frente.
CPTM e CBTU são os alvos
A Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM) e a Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU) são as estatais públicas que estão na mira dos governos Bolsonaro, Dória (SP) e de outros governos estaduais, que querem privatizá-las, ou seja, vendê-las para a iniciativa privada.
Jerônimo Miranda Netto, presidente da FITF-CUT, disse que o impacto das privatizações será terrível para quem trabalha no setor e para os usuários.
“Cerca de 80% desses trabalhadores e trabalhadoras perderão seus empregos. Os passageiros sofrerão com a queda na qualidade dos serviços e com o aumento nos preços das tarifas”, explica.
O sindicalista conta que é importante a unidade da categoria metroferroviária para barrar essa política de privatizações que, se for implementada será prejudicial para todos os brasileiros.
“É importante manter a gestão dessas empresas públicas na mão do Governo e buscar melhores condições para que sejam administradas e que prestem bons serviços aos usuários”, frisa.
Valmir de Lemos, Índio, presidente do Sindicato dos Ferroviários da Central do Brasil, citou como exemplo de prejuízo a privatização no sistema de trens metropolitanos do Rio de Janeiro, que aconteceu em 1998.
“Após 21 anos da privatização, os trens da SuperVia têm muitos problemas. O número de usuários caiu de 1 milhão para 500 mil e o preço da tarifa subiu”, relembra o dirigente.
O transporte é um direito e não uma mercadoria
Durante o Encontro Interestadual, o economista e coordenador de educação do Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Sócio-Econômicos (DIEESE), Fausto Augusto Junior, fez uma palestra sobre o futuro do trabalho e abordou a importância do setor de logística para o desenvolvimento do país.
“Os sindicatos nunca acabarão. São os trabalhadores que historicamente se reorganizam. Olha o exemplo dos motoristas do UBER, que já fizeram até uma greve mundial. É importante criar novas formas de representação e temos que pensar isso no movimento sindical. Temos que apresentar um projeto de sociedade, senão estaremos fadados ao fracasso. Temos que traçar estratégias de resistência e um fazer um debate político com a sociedade. O transporte é um direito e não uma mercadoria. Temos que colocar a mobilidade como um direito, a população precisa compreender isso”, disse o economista.
Para o professor com pós-doutorado em políticas públicas pela UNICAMP, José Vieira C. Filho (Zuza), é importante que os trabalhadores continuem exigindo investimentos nas empresas ferroviárias e que lutem pela manutenção dos postos de trabalho e pela contratação de mão-de-obra brasileira.
Confira os principais encaminhamentos do Encontro Interestadual dos Ferroviários
Fonte: CNTTL