O mercado espera um bom resultado para a Vale no terceiro trimestre do ano, segundo expectativa de analistas de bancos de investimento e de corretoras ouvidos pelo Valor. O recorde no volume de vendas e maiores prêmios pagos por qualidade no minério de ferro devem impulsionar o resultado da mineradora. A previsão de nove instituições financeiras ouvidas pela reportagem indica uma receita média de US$ 9,41 bilhões para a Vale de julho a setembro, alta de 4% sobre igual período de 2017.
Já o lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) projetado pelos bancos para o terceiro trimestre ficou, também na média, em US$ 4,3 bilhões, alta de 2,7% sobre igual trimestre de 2017. As instituições projetam lucro de US$ 1,94 bilhão para a Vale no terceiro trimestre de 2018, 12,7% abaixo dos US$ 2,23 bilhões do mesmo período do ano passado.
Em relatório, o Santander disse esperar que a Vale divulgue resultado “sólido” no terceiro trimestre, ajudada pelo crescimento da produção de minério de ferro e pelo aumento de US$ 1,5 por tonelada nos prêmios médios recebidos nos preços de venda do produto. O prêmio médio recebido pela Vale ficou em US$ 8,6 por tonelada no terceiro trimestre ante US$ 7,1 por tonelada no segundo trimestre deste ano. Os prêmios são adicionais pagos por minérios de qualidade, com alto teor de ferro e baixos percentuais de contaminantes de alumina, sílica e fósforo.
O banco destacou, porém, que a divisão de metais básicos da mineradora deve reportar um resultado mais fraco em relação ao segundo trimestre do ano como consequência da queda nos preços do níquel e do cobre e de paradas para manutenção nas operações da companhia no Canadá, o que reduziu os volumes de produção desses produtos no terceiro trimestre do ano. O Santander prevê receita de US$ 9,564 bilhões para a Vale de julho a setembro, Ebitda de US$ 4,395 bilhões e lucro líquido de US$ 1,495 bilhão no período.
A corretora Itaú BBA também prevê que a Vale irá apresentar “fortes” resultados no terceiro trimestre com base nas vendas e nos preços realizados do minério de ferro, apesar de um desempenho abaixo das expectativas no negócio de metais básicos. No terceiro trimestre, as vendas de minério de ferro e pelotas da Vale atingiram novo recorde, de 98,2 milhões de toneladas, 13,5% acima do segundo trimestre do ano. É importante destacar que, sazonalmente, o terceiro trimestre do ano costuma ser mais forte em termos de produção e vendas. O quarto trimestre do ano também costuma ser um bom período operacional para a empresa. Já o 1º trimestre é mais fraco por causa das chuvas.
A corretora previu que os preços realizados pela mineradora para os finos de minério de ferro devem ficar em US$ 66 por tonelada no período julho-setembro, 5% acima do segundo trimestre. Esse desempenho será possível justamente pelos prêmios médios maiores recebidos no minério de ferro, embora o Itaú BBA lembre que deve haver impacto negativo dos maiores preços dos fretes no período. A corretora projeta receita de US$ 9,63 bilhões, Ebitda de US$ 4,55 bilhões e lucro líquido de US$ 1,85 bilhão no período.
O Bradesco BBI trabalha com números semelhantes para a Vale no terceiro trimestre: receita de 9,805 bilhões, Ebitda de US$ 4,509 bilhões e lucro líquido de US$ 2,092 bilhões. Para o Bradesco, o posicionamento da Vale como uma produtora de minério de ferro “premium” continua a se refletir positivamente na realização de preços da companhia. O banco destacou que os produtos “premium”, como as pelotas e os finos de minério de Carajás (PA), aumentaram sua participação nas vendas do segmento de ferrosos de 77%, no segundo trimestre do ano, para 79% no terceiro trimestre de 2018. O aumento da produção do S11D, em Carajás, foi importante para esse aumento. Os outros bancos e corretoras incluídos no consenso de Vale, feito pelo Valor, foram: XP, Scotia, Morgan Stanley, BTG Pactual, Bank of America Merril Lynch e J.P. Morgan.
Fonte: Valor Econômico