A Vale (VALE3+0,78%) alcançou um feito espantoso no primeiro trimestre de 2021. O lucro líquido de R$ 30,5 bilhões nos três primeiros meses do ano é maior do que os R$ 26,7 bilhões registrados em 2020. Como se não bastasse a mineradora ter feito em apenas três meses o que levou 12 meses no ano anterior, nenhuma outra empresa listada na Bolsa de Valores brasileira conseguiu obter, em mais de três décadas, um lucro líquido anual superior a esse trimestre da Vale.
Aliás o lucro trimestral da mineradora é, segundo dados da Economática Brasil, maior que todos os lucros anuais já registrados por empresas listadas desde 1988, o primeiro ano do qual a consultoria tem dados – as únicas exceções são a Petrobras e a própria Vale. Mas o que explica um desempenho tão ímpar?
Desde que foi privatizada, em maio de 1997, a Vale coleciona grandes números. De acordo com a Economatica, o valor de mercado da Vale saltou 1222,5%, de R$ 43,4 bilhões para os atuais R$ 574,2 bilhões (US$ 106 bilhões), o maior da América Latina. A companhia também ocupou o posto de maior pagadora de dividendos da região em 2020, com US$ 3,6 bilhões distribuídos, seguida pela petrolífera colombiana Ecopetrol (US$ 2,5 bilhões) e pelo Itaú Unibanco (US$ 2,3 bilhões).
O caixa de US$ 13,5 bilhões (R$ 73,4 bilhões) também é o maior entre as companhias latinas. Por outro lado, a dívida líquida da mineradora, de R$ 8 bilhões em 2020, está no menor patamar desde 2001, quando chegou a R$ 6,7 bilhões. Até abril deste ano, o déficit ainda estava em R$ 5,2 bilhões, o que faz a métrica Ebitda/Dívida (que indica a capacidade de uma empresa arcar com os débitos), chegasse ao número ‘impressionante’ de 107,24%.
“É uma marca espantosa. Isso significa que, em menos de um ano de operação, a Vale conseguiria cobrir toda essa dívida. As últimas vezes que vi essa métrica ultrapassar os 100%, em 2005 e 2011, foram em momentos antes de a mineradora realizar alguma aquisição”, explica Einar Rivero, gerente de relacionamento da Economatica. “A companhia conseguiria fazer aquisições muito facilmente nos próximos meses.”
Fonte: Estadão