O uso do modal metroferroviário (que engloba metrôs, VLTs – veículos leve sobre trilhos –, entre outros) vem crescendo no Brasil nos últimos anos. Em 2010, foram cerca de 1,9 bilhão de passageiros transportados. No ano passado esse número subiu para 2,3 bilhões e, para 2012, a expectativa é chegar a aproximadamente 2,5 bilhões.
Conforme dados da Associação Nacional dos Transportadores de Passageiros Sobre Trilhos (ANPTrilhos), o País tem 15 sistemas urbanos desse tipo de transporte, distribuídos em 11 estados e mais o Distrito Federal. Esses complexos são operados por 15 empresas (entre as quais a Trensurb, no Rio Grande do Sul), sendo que três são privadas.
Atualmente, esse tipo de locomoção representa uma participação de 3% do transporte urbano nacional. O presidente da ANPTrilhos, Joubert Fortes Flores Filho, afirma que há espaço para aumentar esse percentual. Entre as vantagens atribuídas a esse modelo está o menor impacto ambiental. Ainda de acordo com a ANPTrilhos, os veículos que operam nesse modal, em uma média mundial, emitem 60% a menos de CO2 por passageiro/quilômetro, se comparados com os carros, e 40% a menos do que os ônibus. A capacidade de transporte é outro ponto salientado. Uma única linha de metrô, por exemplo, é capaz de transportar cerca de 60 mil pessoas por hora/sentido. A existência do sistema metroferroviário de passageiros no Brasil é responsável pela retirada de 1 milhão de carros e mais de 14 mil ônibus por dia dos centros urbanos onde essas soluções foram implantadas.
O presidente da ANPTrilhos destaca que o transporte de passageiros sobre trilhos, tanto nas grandes cidades quanto regionais, é um modal que ficou muito tempo esquecido, mas agora está sendo retomado como uma solução. Ele afirma que, no momento, existem em torno de 60 projetos no Brasil para serem desenvolvidos nos próximos anos, que devem absorver mais de R$ 100 bilhões em investimentos.
Flores Filho ressalta que, em várias nações desenvolvidas, o modal de transporte de massa de alta capacidade é o que melhora a qualidade de vida nos grandes centros, diminuindo o tempo que as pessoas levam para se deslocar até o seu trabalho. “Isso contribui também para o aumento da produtividade”, argumenta o dirigente. Ele defende que o aprimoramento desse meio de transporte no País precisa contar com apoio de todas as esferas governamentais: União, estados e municípios. “Entretanto, não se pode abrir mão da iniciativa privada, seja através de concessões ou de parcerias público-privada (PPP)”, reforça.
Sobre o aproveitamento da atual malha ferroviária de cargas para o transporte intermunicipal ou interestadual de passageiros, Flores Filho comenta que o compartilhamento da linha, nas médias e longas distâncias, é possível desde que exista uma sinalização adequada, algo que implica investimentos elevados. Ele enfatiza que o compartilhamento só poderia ocorrer no que diz respeito aos trilhos e não da composição, já que os trens para passageiros e de cargas possuem velocidades distintas.
No caso de trens que ligam cidades, ele recorda que na Europa há veículos que operam com velocidade de até 140 quilômetros por hora. “Tenho certeza que existe demanda para esse tipo de operação no Brasil também”, afirma o presidente da ANPTrilhos. Ele cita como uma oportunidade para a comprovação dessa tese a futura implantação do trem entre o Rio de Janeiro e São Paulo.
Ampliação da Trensurb até Novo Hamburgo tem 90% do projeto pronto
O índice de conclusão da expansão da linha da Trensurb até Novo Hamburgo é de 91,88%. Fazem parte do empreendimento mais 9,3 quilômetros de linha e cinco novas estações – uma em São Leopoldo e quatro em Novo Hamburgo. Já estão em operação duas dessas novas estações – Rio dos Sinos e Santo Afonso – e 4,9 quilômetros da nova linha metroferroviária. O início da operação das outras três deve ocorrer no primeiro semestre de 2013.
Com as cinco novas estações, serão agregados mais 30 mil passageiros ao sistema. Em 2011, a Trensurb transportou 50.980.063 usuários. Neste ano, até agosto, foram transportados 34.099.127. No mesmo período do ano passado, foram transportados 33.205.892 passageiros. O diretor-presidente da Trensurb, Humberto Kasper, adianta que a perspectiva para 2012 é movimentar de 53 milhões a 55 milhões de usuários. “O investimento no transporte sobre os trilhos é fundamental para acompanhar as demandas da mobilidade geradas com o crescimento da economia”, sustenta.
A Trensurb planeja aumentar a frota. Em junho, como parte do PAC dos Equipamentos, anunciado pela presidente Dilma Rousseff, o governo comunicou um repasse de R$ 260 milhões para a compra de novas composições para a companhia. Desde 2011, a empresa trabalhava com o Ministério das Cidades buscando recursos para a compra de trens. Serão 60 novos carros, ampliando a frota, composta de 25 trens com quatro carros cada. A partir da assinatura do contrato de aquisição (que está em processo de licitação), o prazo para a entrega das primeiras composições é de 18 meses.
A Trensurb também está envolvida com o desenvolvimento do aeromóvel para realizar a ligação da estação Aeroporto ao terminal 1 do aeroporto internacional Salgado Filho. O aeromóvel já tem 85% das suas obras concluídas. A previsão de inauguração é para o primeiro semestre de 2013. Na via elevada, já estão sendo instalados os trilhos e falta a colocação de apenas duas vigas, que correspondem à futura área de manutenção dos veículos, que estão em fase final de fabricação e devem chegar em outubro, quando a via já terá os trilhos.
A expectativa é de que a linha do aeromóvel não seja apenas um meio de transporte entre a estação do metrô e o terminal da Infraero, mas uma referência para que essa tecnologia e modelos similares possam ser difundidos como soluções de mobilidade urbana no Brasil. Há, inclusive, termos de cooperação com as prefeituras de Porto Alegre e Canoas para estudos de viabilidade de implantação da tecnologia nos municípios.
Na Capital gaúcha, seria utilizado em uma ligação do Centro com a zona Sul e, em Canoas, integrando o eixo dos bairros Mathias Velho e Guajuviras ao Trensurb. Além desses projetos, Kasper revela que, até o final do ano, a companhia pretende lançar a licitação para realizar a reforma de seus atuais vagões.
Estudos avaliam implantação de linhas intermunicipais para dois trens de transporte de passageiros no Estado
O Rio Grande do Sul, que no passado já contou com o transporte de trens de passageiros entre cidades, pode voltar a ter essa opção. Entre os projetos de trens regionais federais avaliados para serem materializados no País, dois encontram-se no Estado: Pelotas- Rio Grande e Caxias do Sul–Bento Gonçalves.
No caso do empreendimento na Metade Sul gaúcha, o deputado federal Fernando Marroni (PT) argumenta que, com o desenvolvimento do polo naval, está ocorrendo uma enorme circulação de pessoas nessa região. Ele acrescenta que já há uma linha férrea na localidade e, com a construção das linhas Norte e Sul, ela poderá ser melhor aproveitada para o transporte de passageiros.
Marroni recorda que o pedido do estudo de viabilidade quanto ao transporte de passageiros na região foi feito ao governo federal e aprovado, sendo hoje executado pelos técnicos do laboratório de trânsito da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). A expectativa é de que o levantamento seja concluído até março do próximo ano. Os recursos para realizar o trabalho, que somam R$ 800 mil, são oriundos do Ministério dos Transportes.
A ideia é, inicialmente, compartilhar os trilhos existentes com os trens de cargas e, posteriormente, com a concretização da ferrovia Norte-Sul, utilizar a via apenas para o deslocamento de passageiros. Em princípio, serão utilizados VLTs (Veículos Leves sobre Trilhos) com capacidade entre 400 e 600 passageiros, com velocidade de 80 quilômetros por hora. De acordo com o deputado, o serviço poderá atender, além dos trabalhadores, aos estudantes de universidades e turistas.
O deputado salienta ainda que está prevista a implantação de um estaleiro em São José do Norte e até que se construa uma estrutura de moradia no município, grande parte da mão de obra será proveniente de outras cidades da região.
Marroni recorda que no passado havia o transporte de passageiros de trem na Metade Sul. “Eu mesmo quando era guri ia de trem para a praia do Cassino, era maravilhoso, todo mundo queria andar de trem”, relata. Ele salienta que há um romantismo nessa espécie de transporte, que está ligado à ideia de desbravamento e de desenvolvimento.
Já o deputado federal Assis Melo (PCdoB-RS) informa que a UFSC também está na fase final dos estudos de viabilidade técnica e econômica do trem regional que ligará Caxias do Sul a Bento Gonçalves. “No meu entendimento, com o trem regional os turistas encontrarão formas alternativas de transporte, o que vai potencializar a vocação turística da Serra gaúcha”, conclui o deputado.
Porto Alegre espera que as obras do metrô iniciem no ano que vem
A atual expectativa da prefeitura da Capital gaúcha é de que as obras do metrô da cidade comecem no terceiro trimestre de 2013. A estimativa é de que elas levem cerca de quatro anos para serem concluídas.
Orçado em R$ 2,4 bilhões, o MetrôPoa deverá atender diariamente a um público médio de 310 mil passageiros, ampliando a oferta de transporte público e estimulando a redução do transporte individual. Serão 25 composições (trens), formadas cada uma por quatro carros que transportam em média 270 pessoas cada um.
O metrô ligará o Centro à zona Norte, da avenida Assis Brasil (Fiergs) até a avenida Borges de Medeiros, ao longo de 14,8 quilômetros de traçado (avenida Assis Brasil, Brasiliano de Moraes, Benjamin Constant, Cairú, Farrapos, rua Voluntários da Pátria, Largo Glênio Peres e av. Borges de Medeiros). Serão instaladas, no mínimo, 13 estações ao longo do trajeto.
O empreendimento prevê a integração com os diferentes meios de transporte e sistema de ônibus BRT (Bus Rapid Transit) e conexão com a rede metropolitana. Deverá ser praticada a mesma tarifa do ônibus de Porto Alegre, integrada à utilização das linhas urbanas e metropolitanas e ao Trensurb. Além disso, deve contar com as atuais isenções praticadas na Capital gaúcha. “Porto Alegre realmente precisa de uma segunda linha, mais urbana, que cruze o Centro da cidade, que hoje não é atendido”, diz o presidente da ANPTrilhos, Joubert Fortes Flores Filho.
Fonte: Jornal do Comércio – RS