A Vale deverá anunciar na quarta-feira, depois do fechamento do mercado, um bom desempenho operacional relativo ao quarto trimestre de 2013, resultado sustentado pela continuidade de preços altos do minério de ferro. A receita líquida da mineradora projetada por oito bancos e corretoras para o período outubro-dezembro do ano passado ficou, na média, em US$ 12,72 bilhões, 9% acima dos US$ 11,7 bilhões registrados no quarto trimestre de 2012. O lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês) deverá situar-se, conforme a média das oito casas de análise, em US$ 5,88 bilhões, 34% a mais do que os US$ 4,39 bilhões do quarto trimestre de 2012.
Bancos e corretoras fizeram, porém, projeções bastante diferentes para o lucro líquido da mineradora no quarto trimestre de 2013. Algumas instituições optaram por não considerar o impacto da adesão da companhia ao acordo de refinanciamento de tributos federais (Refis), em novembro de 2013, por tratar-se de um evento “não recorrente”. Das oito projeções compiladas pelo Valor, cinco estimaram lucro líquido para o quarto trimestre, que ficou, na média, em US$ 2,92 bilhões. Mas três bancos e corretoras, Goldman Sachs, Itaú BBA e J.P. Morgan, computaram o impacto do Refis e, por consequência, previram prejuízo para a Vale no quarto trimestre que, em média, ficou em US$ 7,12 bilhões.
O Goldman Sachs previu prejuízo de US$ 9,1 bilhões no quarto trimestre, número que considerou a provisão feita pela empresa para o Refis. Ao anunciar a adesão, em novembro, a Vale afirmou que a medida teria um impacto estimado em R$ 20,72 bilhões sobre o lucro da empresa em 2013. A projeção da Goldman também levou em conta a possibilidade de a Vale fazer uma baixa contábil (“impairment”) relativa ao projeto de potássio de Rio Colorado, na Argentina. O “impairment” é a redução do valor recuperável de ativos.
O Goldman Sachs previu ainda receita líquida de US$ 12,62 bilhões e Ebitda de US$ 5,9 bilhões para a mineradora no quarto trimestre. Se confirmado, será o maior Ebitda trimestral da Vale desde 2011, com uma margem de 47%, previu o banco. Para a corretora Itaú BBA, a Vale deverá apresentar resultados “sólidos” no quarto trimestre com preços e volumes de minério de ferro “levemente mais altos”. A instituição previu vendas de 85 milhões de toneladas de minério de ferro para a empresa no quarto trimestre, 0,7% acima do apurado em igual período de 2012, e preços realizados para os finos de minério de US$ 107 por tonelada, 1% acima do terceiro trimestre do ano passado. Nas projeções do banco, o negócio de metais também deve ter apresentado melhoras, uma vez que os preços do cobre e do níquel permaneceram relativamente estáveis no quarto trimestre de 2013.
O Itaú BBA previu receitas líquidas de US$ 12,9 bilhões, Ebitda de US$ 6,1 bilhões e prejuízo de US$ 6,2 bilhões para a Vale no quarto trimestre. O J.P. Morgan também estima prejuízo na casa dos US$ 6 bilhões, com receita de vendas de US$ 12,6 bilhões e Ebitda de US$ 5,88 bilhões. O J.P. Morgan projetou um trimestre “forte” para a empresa, com volumes de minério de ferro marginalmente mais fracos do que no terceiro trimestre do ano passado, como resultado da perda de 2,5 milhões de toneladas de embarques, no fim do ano passado, em função de chuvas.
Já o Bank of America Merrill Lynch (BofA) previu lucro de US$ 3,6 bilhões, receita de vendas de US$ 12,66 bilhões e Ebitda de US$ 6,33 bilhões no quatro trimestre. O banco disse que esse resultado foi motivado por um sólido custo de performance e preços de minério realizados, de US$ 108 por tonelada, 3% acima do que no terceiro trimestre. O investidor da mineradora continua focado, segundo o banco, em redução de custos, preços realizados e atualização de projetos.
Fonte: Revista Ferroviária