Os investidores estão na expectativa de uma melhoria nos resultados da Vale no primeiro trimestre de 2016, com a mineradora voltando ao lucro depois do prejuízo de US$ 12 bilhões acumulado em 2015. O balanço da companhia vai ser divulgado amanhã antes da abertura do mercado. Levantamento feito pelo Valor com sete bancos e corretoras projeta lucro médio para a mineradora de US$ 1,6 bilhão de janeiro a março. O resultado deve ser influenciado por ganhos financeiros não recorrentes resultantes do efeito da valorização do real sobre a dívida em dólares da companhia. No primeiro trimestre, o real se valorizou quase 10% em relação ao dólar.
As projeções das sete instituições financeiras projetam receita média de US$ 5,6 bilhões para a mineradora de janeiro a março, com queda de 10% em relação aos US$ 6,24 bilhões de igual período do ano passado. O lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) estimado pelos bancos ficou em US$ 1,45 bilhão, queda de 10% sobre o primeiro trimestre de 2015. Na comparação com o quatro trimestre do ano passado, o Ebitda médio estimado pelos bancos para o primeiro trimestre de 2016 deve crescer 4%.
A alta de US$ 2 por tonelada na média dos preços do minério com 62% de teor de ferro no mercado à vista da China, de janeiro a março, e reduções de custos obtidos pela mineradora devem ajudar o balanço no período. Mas há fatores negativos esperados, como a queda nos preços do cobre e do níquel. É preciso considerar ainda que o primeiro trimestre do ano costuma ser o mais fraco, do ponto de vista operacional, por razões sazonais (chuvas no Norte e Sudeste).
Em relatório, o Itaú BBA projetou resultados levemente melhores no primeiro trimestre. A corretora trabalha com receita líquida de US$ 5,6 bilhões, Ebitda de US$ 1,86 bilhão, 33% acima do quarto trimestre, e lucro líquido de US$ 2,72 bilhões. É a maior projeção de lucro para a Vale. A menor estimativa é do BTG Pactual, de US$ 860 milhões. O consenso foi formado por J.P. Morgan, Bradesco, GBM, Itaú BBA e BTG Pactual, além de duas instituições que não quiseram ter nomes divulgados.
O Bradesco projetou receita de US$ 5,4 bilhões, Ebitda de US$ 1,1 bilhão e lucro líquido de US$ 991 milhões para a Vale no primeiro trimestre. O banco estimou queda de 19% no Ebitda do trimestre em relação ao quarto trimestre de 2015 como resultado de menores volumes de venda de minério de ferro por razões sazonais e também por preços mais fracos para o cobre e para o níquel, commodities do portfólio da mineradora. Os preços do cobre e do níquel caíram 4% e 9,5%, respectivamente, em relação ao quatro trimestre de 2015, segundo o Bradesco.
O banco projetou vendas de 67,4 milhões de toneladas de minério de ferro pela Vale de janeiro a março, 13,5% acima de igual período do ano passado. O banco afirmou ainda que o preço médio de US$ 48,7 por tonelada para o minério com 62% de teor de ferro no mercado à vista da China no primeiro trimestre, com alta de US$ 2 por tonelada em relação ao quarto trimestre, deve gerar um impacto positivo de US$ 130 milhões no Ebitda da companhia no primeiro trimestre de 2016.
A corretora Itaú BBA projetou, por sua vez, que o volume de vendas de minério de ferro da Vale no primeiro trimestre do ano deve permanecer estável em relação a igual período de 2015, na faixa de 74 milhões de toneladas (foram 92 milhões de toneladas no quarto trimestre de 2015). A corretora estimou que o preço realizado pela mineradora para o minério de ferro, no primeiro trimestre, deve ficar em US$ 42 por tonelada ante US$ 37 por tonelada no trimestre anterior. Essa melhoria será garantida pela alta do preço do minério de ferro no mercado à vista. O mercado não acredita, porém que a commodity vai se sustentar nos preços atuais. Ontem, o minério com 62% de teor de ferro no mercado à vista da China ficou em US$ 62,80. O GBM projetou receita de US$ 5,6 bilhões, Ebitda de US$ 1,7 bilhão e lucro de US$ 2 bilhões para o primeiro trimestre. O J.P. Morgan previu US$ 5,3 bilhões de receita, US$ 1,3 bilhão de Ebitda e US$ 1,6 bilhão de lucro. O BTG estima receita de US$ 6 bilhões e Ebitda de US$ 1,4 bilhão.
Fonte: Valor Econômico