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Vale testa maior projeto de minério do mundo no sudeste do Pará

Depois de percorrer mais de 60 quilômetros numa picape pela mata da Floresta Nacional de Carajás, no Pará, um portão de grade de ferro marca a fronteira entre a paisagem verde e uma enorme área desmatada, de terra alaranjada e poeirenta.

A imagem da mina a céu aberto, na Serra Sul da floresta, ajuda a entender por que a Vale levou cinco anos para obter a licença de instalação ambiental do seu maior projeto de mineração, o S11D, orçado em US$ 14,4 bilhões.

“Esse morro vai virar um buraco. No vale, lá embaixo, vai surgir uma montanha de estéril [terra e minerais não aproveitados]. A mineração é assim: impacta o ambiente de forma irreversível”, diz Frederico Martins, 39, responsável no ICMBio pela conservação da floresta.

A Folha esteve no S11D, em Canaã dos Carajás, sudeste do Pará, duas vezes neste mês, apesar de a Vale ter vetado o local para a imprensa, sob o argumento de estar em fase de testes. Uma das visitas foi com o ICMBio, autarquia ligada ao Ministério do Meio Ambiente.

Maior projeto de minério do mundo, o S11D –sigla de bloco D do corpo geológico S11 (S de Sul)– deve começar a operar até o fim do ano, com capacidade de 90 milhões de toneladas, o que vai elevar em 30% a produção de minério da Vale até 2020.

Além disso, o investimento é um trunfo para competir no mercado internacional: seu minério é de alto teor de ferro (66,7%, em média), o que confere bônus ao ser vendido, e seu custo de produção será o menor da indústria de mineração global.

Isso é relevante no atual contexto do mercado de minério, marcado pelo fim do ciclo das commodities, pelo excesso de oferta do produto e mesmo pela desaceleração da economia chinesa, principal cliente da Vale.

“S11D é o projeto mais relevante para a Vale e vai contribuir para que a empresa mantenha a sua posição de destaque no mercado global de minério”, diz Ivano Westin, analista de mineração e siderurgia do banco Credit Suisse.

Desde a entrada da mina, onde escavadeiras vão retirar o minério e colocá-lo em correias, a reportagem percorreu a usina de beneficiamento (com suas três linhas de produção) e visitou a sala de controle, no principal mirante do empreendimento.

Além de mina e usina, a Vale construiu um trecho de 101 quilômetros de ferrovia e também duplicou a estrada de ferro de Carajás. Por ela o minério vai até o terminal portuário Ponta da Madeira, em São Luís (MA), que foi ampliado para exportar a produção.

Pelo balanço mais recente da Vale, as obras da mina e da usina estão 90% concluídas.

Tudo é colossal. Para circular pelo projeto, é preciso seguir um carro que leva uma longa antena com bandeira no teto. Caminhões e máquinas são tão altos que seus operadores não enxergam um carro no caminho.

Parte da operação está em teste, como uma empilhadeira de 70 metros de comprimento do pátio de regulação do (local de estoque provisório do minério antes do beneficiamento). Em agosto, o pátio deve receber a primeira carga de minério.

MINÉRIO PARADO

A Vale espera conseguir a licença de operação até setembro, quando completam-se seis meses desde o pedido da licença. Dentro do Ibama há dúvida se a liberação será possível dentro do prazo.

Atualmente, o órgão está debruçado sobre relatórios de recente vistoria no projeto, que identificou a necessidade de cumprimento de medidas de controle ambiental como instalação de canaletas na via de acesso e estações de tratamento de esgoto.

A Vale tem pressa porque, segundo o ICMBio, já tem quase 10 milhões de toneladas de minério separados na área da mina. Isso significa mais de R$ 1 bilhão parado. Tanto minério surgiu apenas de preparar a área para a cava.

Segundo a mineradora, esse minério será utilizado na futura produção. E acrescenta que diversas inovações tecnológicas trouxeram benefícios ao projeto, como a mineração sem uso de caminhões e o minério sem água.

Fonte: Folha de São Paulo



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