Os metrôs de Recife, Belo Horizonte, Maceió, João Pessoa e Natal, as cinco capitais brasileiras operadas pela Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU), vão funcionar apenas de segunda a sexta-feira, no horário de pico, se o orçamento de 2018 para o setor não for revisto. A informação consta em ata de reunião realizada no último dia 30 e assinada por representantes das cinco praças da estatal. A paralisação total dos trens não foi descartada. Ao todo cerca de 600 mil pessoas seriam prejudicadas diariamente.
Na reunião, ocorrida no Recife, foi marcada inclusive a data, 5 de março próximo, para que as composições passem a operar com horário reduzido. “Acaso não seja respondido positivamente à recomposição da LOA (lei orçamentária anual), ou ainda suplementação orçamentária para cobertura do déficit pelos ministérios Cidades/Planejamento até o dia 20/02/2018, as superintendências verificam como a alternativa menos danosa a de operar no horário de pico de segunda a sexta-feira a partir de 05/03/2018, sem prejuízo de reestudo e eventual paralisação total do sistema”, diz a ata. São considerados horário de pico de 6h às 8h30 e das 16h30 às 19h30.
O orçamento para os metrôs das cinco praças, que no ano passado foi de aproximadamente R$ 260 milhões, conforme informações retiradas da reunião, foi reduzido para R$ 139,7 milhões no orçamento de 2018. O valor para esse ano foi repassado pelo Ministério das Cidades.
Conforme informações da pasta, o montante para esse ano foi enviado pelo Poder Executivo ao Poder Legislativo, que aprovou os recursos. Foi informado ainda que, ao menos por enquanto, não há expectativa de alteração no valor.
Contratos. A ata foi encaminhada pelo presidente interino da CBTU, José Marques de Lima, para o presidente do Conselho de Administração da empresa, Pedro Cunto de Almeida Machado. O texto afirma ainda que “como medida preventiva as superintendências farão notificação das empresas que prestam serviços à CBTU por meio de aviso prévio contratual, para suspensão total/parcial dos contratos, com vistas a atendimento ao corte orçamentário, a partir de 05/02/2018 (ontem)”.
Conforme o presidente do Sindicato dos Metroviários de Minas Gerais, Romeu José Machado Neto, o que vinha sendo feito antes era contingenciamento de recursos, nunca corte no orçamento. “No contingenciamento o governo segura o dinheiro mas vai liberando ao longo do ano. Agora o que fizeram foi o corte direto no orçamento”, disse. “Isso é para fechar as portas”, acrescentou.
Em nota, a CBTU confirmou que a redução nos recursos para o metrô pode afetar o sistema, mas que não é possível dizer “de que forma isso acontecerá, nem quando”. Segundo a nota da CBTU, houve um corte de 43% no orçamento em relação ao do ano passado.
Manutenção. No caso de Belo Horizonte o valor para que o sistema opere sem problemas é de R$ 100 milhões, conforme cálculos de Machado Netos. Este ano, o total a ser repassado será de R$ 57 milhões: “O impacto será nos contratos para limpeza de vagões, máquinas, estações e, ainda, na compra de peças e manutenção das composições”.
Fonte: Estadão