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Ferrovia: custo logístico é quatro vezes mais barato


A falta de investimentos no modal ferroviário no Ceará acarreta prejuízos e custos elevados para setores da economia. Segundo Heitor Studart, presidente da Câmara Temática Logística (CTLog) e do Conselho Temático de Infraestrutura (Coinfra) da Federação das Indústrias do Estado do Ceará (Fiec), o transporte de mercadorias por rodovias tem um custo quatro vezes maior em relação à movimentação por trens. Para ele, o Estado necessitaria de, no mínimo, mil quilômetros (km) de estradas de ferro para garantir a competitividade e o desenvolvimento econômico.

“O transporte de uma tonelada por km útil no setor rodoviário sai por volta de R$ 16 o custo. No setor ferroviário sairia por R$ 4. Isso é um absurdo e é por isso que nós estamos perdendo competitividade para outros países, principalmente para os Brics (conjunto de países emergentes como Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul)”.

Para o professor do departamento de Engenharia de Transportes da Universidade Federal do Ceará (UFC), Bruno Bertoncini, tanto o Brasil quanto o Ceará precisam garantir estrutura para o deslocamento de bens e serviços, pensando na capilaridade do sistema para o transporte de produtos agrícolas e de produtos de origem mineral.

“Do ponto de vista econômico, e pela característica do País ter em sua base de PIB a produção de commodities, isso requer que a gente tenha uma infraestrutura muito forte para assegurar que o produto ao sair do Brasil chegue com um preço competitivo. A China, por exemplo, está preocupada com o custo de uma tonelada de minério para chegar até lá. Então a gente tem que olhar o sistema de forma ampla e enquanto rede, porque o custo sai muito mais baixo do que para outras modalidades”, explica.

 

Desafios

 

Além de serem necessários investimentos vultosos em novas ferrovias, como o projeto da Transnordestina, o Estado precisa ainda modernizar a estrutura existente. “Nós estamos pedindo a modernização da FTL (Ferrovia Transnordestina Logística, oriunda da privatização da Rede Ferroviária Federal), com a inclusão do terceiro trilho para poder movimentar mais carga. É preciso investimento desde as suas bitolas até seus dormentes, com reparos, mudanças nos raios de giro que são antigos. Hoje, o que temos é totalmente ultrapassado”, acrescenta Studart.

O professor Bertoncini também afirma que é preciso modernização. “A ferrovia que liga Fortaleza até o Maranhão (FTL), passando por regiões muito interessantes, poderia alavancar áreas do Estado em termos de desenvolvimento, caso essa infraestrutura estivesse numa condição operacional melhor. Ela, como uma ferrovia antiga, embora receba manutenções constantes, não tem um padrão atualmente esperado de ferrovia. Então o desafio é revitalizá-la”.

Outro desafio citado pelo professor em relação a essa ferrovia é a compatibilização dela com os portos. “Quanto ao Porto do Pecém, está ocorrendo um grande investimento por parte da empresa para que essa operação ocorra de forma mais dinâmica e mais rápida. Já no Porto do Mucuripe está imbricado dentro de uma área muito urbanizada então você já não consegue ter este nível de operação que está sendo trazida para o Pecém”, aponta.

A Ferrovia Transnordestina Logística (FTL) opera 1.190 km, ligando os portos de Itaqui (São Luís), Pecém (São Gonçalo do Amarante) e Mucuripe (Fortaleza). A FTL possui 92 locomotivas e 1.434 vagões. De acordo com a empresa, em 2017, ela transportou 2,7 milhões de toneladas, dos quais 1,4 milhão de celulose, 631 mil de combustíveis e 363 mil de cimento.

Na opinião de Studart, apesar da movimentação crescente, o Ceará deixa de transportar, de uma forma geral, combustíveis derivados de petróleo, minérios, como calcário, gipsita, grãos, frutas e cimento. “Inclusive os minérios são muito importantes para a siderúrgica (CSP) e outros produtos que poderiam vir mais baratos. Tem toda essa repercussão financeira envolvida”.

 

Fonte: Diário do Nordeste



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