O Senado concluiu nesta quarta-feira, 8, a votação da medida provisória 672, que estabelece uma política de reajuste do salário mínimo até 2019, e também estende essa correção aos benefícios pagos pelo Regime Geral de Previdência Social. Para o governo, a medida pode provocar um rombo nas contas públicas, justamente no momento em que o Executivo tenta promover um ajuste fiscal.
A aprovação da MP no Senado com o mesmo teor que veio da Câmara representa mais uma derrota do Palácio do Planalto no Congresso. Senadores aprovaram o texto da MP semelhante ao enviado pela Câmara, com pequenos ajustes de redação, após bate-boca e vaias das galerias do plenário, ocupadas por aposentados. A ideia do governo era aprovar emenda que alteraria o índice do reajuste do salário, de forma que a MP fosse devolvida à Câmara.
Mas diante de derrota em plenário à tentativa de modificar o texto, o líder do governo no Senado, Delcídio Amaral (PT-MS), pediu para postergar a votação final da proposta, última etapa da tramitação de qualquer MP antes que seja encaminhada para o próximo passo. Menos de uma hora depois, a redação final foi submetida ao plenário e aprovada. A medida segue à sanção presidencial.
Para senadores da oposição, o pedido para votar posteriormente a redação final configurava uma manobra para ganhar tempo e deixar a medida caducar. Já Delcídio argumentou que o clima se exaltou no plenário, e a votação ficou confusa. Ele acrescentou que era necessária uma análise aprofundada do texto para averiguar se as mudanças na redação do texto poderiam interferir no mérito.
Se o Senado alterar uma MP em sua essência, ou seja, no mérito, ela deve ser reencaminhada para a Câmara. Do contrário, se for modificada apenas para deixar sua redação mais clara ou mais correta em termos jurídicos, a medida segue para sanção presidencial. Ainda há uma discussão sobre a possibilidade de a presidente Dilma Rousseff vetar a MP. Originalmente editada para estabelecer a política de reajuste do salário mínimo, a medida foi alterada na Câmara para estender essa correção a todos os aposentados.
Como deputados inseriram a alteração na cabeça do artigo, há entre alguns técnicos legislativos a interpretação de que um veto a esse dispositivo poderia invalidar o conteúdo inteiro da MP. O texto prorroga até 2019 as regras atuais de reajuste do salário mínimo, sob as quais o reajuste é calculado levando em conta a soma da inflação pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) do ano anterior com o crescimento do Produto Interno Bruto apurado dois anos antes. Segundo estimativas do governo, cada ponto percentual de reajuste das aposentadorias tem impacto de 2 bilhões de reais nas contas da Previdência.
Fonte: Jornal A Tarde