Após analisar a situação de cada um dos três grandes trechos do traçado de 1,5 mil km, previsto para cortar a Bahia, o TCU decidiu recomendar aos Ministérios dos Transportes e do Planejamento que avaliem a possibilidade de construir apenas o trecho final do projeto, de 500 km, entre Caetité e Ilhéus, no litoral baiano.
Tal é a preocupação com o empreendimento que até mesmo o projeto do Porto Sul da Bahia, desenhado para ser o ponto final da ferrovia, foi deixado de lado. A proposta é que se analise a possibilidade de o traçado – que está com 67% de execução – se conectar ao atual Porto de Ilhéus, que já está em operação.
Em sua justificativa, o TCU aponta que há “indicadores de viabilidade econômico-financeiro desfavoráveis, os quais demandam a reavaliação dos estudos de viabilidade da Fiol”. Segundo o tribunal, “agrava a situação, ainda, a constatação do caráter fictício dos novos cronogramas apresentados”.
A corte de contas pede que o governo reavalie a relação custo-benefício de levar adiante o trecho central da malha, de Barreiras a Caetité, que já tem obras em andamento, e o trecho inicial, entre Figueirópolis (TO) e Barreiras, onde nada foi feito até hoje. A avaliação é necessária, afirma o TCU, por conta de fatores como atraso na entrega da obra, queda do preço do minério de ferro, aumento da taxa de juros e contingenciamento de recursos.
Conforme reportagem publicada ontem pelo Estado, a ferrovia, prevista para ser entregue em julho de 2013, viu seu prazo ser dilatado em cinco anos. O preço da obra já saltou de R$ 4,3 bilhões para R$ 6,5 bilhões.
Gestão Temerária. O ministro relator do processo, Augusto Sherman, determinou que diretores da estatal Valec expliquem por que a empresa adiantou o pagamento de serviços que, como já se sabia, não deveriam ser executados naquele momento, como a fabricação de dormentes. Até maio deste ano, a Valec já havia pago 89% dos dormentes dos primeiros 500 km da Fiol, enquanto apenas 10% do serviço de montagem da grade dos trilhos tinha sido realizado.
Por meio de nota, a Valec declarou que já tem ciência dos processos, embora ainda não tenha sido notificada oficialmente. “Quando assim ocorrer, a empresa apresentará sua defesa. De todo modo, a Valec cumprirá todas as determinações exigidas pelo Tribunal de Contas”, informou a estatal.
R$ 6,5 bi é a previsão atual de gastos para a construção da Fiol, R$ 2,2 bilhões a mais que as projeções feitas inicialmente.
Fonte: O Estado de São Paulo