A Vale deve anunciar amanhã resultados operacionais consistentes relativos ao primeiro trimestre de 2018, segundo estimativas de mercado. Previsões de oito bancos indicam receita média de US$ 8,6 bilhões de janeiro a março de 2018, com aumento de 1% sobre igual período de 2017.
O lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) projetado fica, também em média, em US$ 4 bilhões, queda de 7% sobre o primeiro trimestre do ano passado. O lucro estimado é de US$ 2,1 bilhões, queda de 12,5% sobre janeiro-março de 2017.
A queda no Ebitda no trimestre se justifica, na visão de analistas, pelo fato de os preços do minério de ferro no mercado à vista, no primeiro trimestre do ano passado, terem alcançado um patamar muito alto, situando-se, em média, naquele período, em US$ 85,40 por tonelada para o produto com 62% de teor de ferro. No primeiro trimestre de 2018, o preço médio ficou em US$ 74,30 por tonelada.
De janeiro a março de 2017, os preços realizados pela Vale para os finos de minério de ferro, o principal produto, ficaram em US$ 75 por tonelada, enquanto no primeiro trimestre de 2018 há previsões de alguns bancos de que a mineradora anuncie uma realização de preços de US$ 65 por tonelada (diferença de US$ 10 por tonelada em um ano). Apesar disso, o mercado espera resultados operacionais “sólidos” no primeiro trimestre de 2018.
O desempenho será sustentado pelos melhores preços do minério de ferro no mercado à vista no período, mais 13% em relação ao quarto trimestre de 2017, e pelos melhores prêmios pagos pela commodity de maior qualidade. No relatório de produção do primeiro trimestre, a Vale registrou um aumento no prêmio médio realizado do minério de ferro, que totalizou US$ 5,2 por tonelada ante US$ 2,3 por tonelada de prêmio no primeiro trimestre de 2017.
A empresa vem trabalhando para reforçar sua posição como produtor “premium” de minério de ferro, o que resulta em maior realização de preços e melhor margem. O foco em produtos de maior qualidade é importante em momentos em que as siderúrgicas, clientes da empresa, precisam aumentar a produtividade dos altos-fornos e, simultaneamente, reduzir os níveis de emissão de poluentes.
No primeiro trimestre, os preços realizados e os prêmios recebidos pela mineradora no minério de ferro devem compensar a menor produção, motivada por chuvas mais intensas e pela estratégia de reduzir a extração de produto de menor qualidade em Minas Gerais. O mercado também espera aumento de custos. De janeiro a março, a Vale produziu 82 milhões de toneladas de minério de ferro, com queda de 5% sobre igual período de 2017. As vendas de minério e pelotas, totalizaram 84,3 milhões de toneladas, aumento de 8,3% sobre igual período do ano passado.
O J.P. Morgan espera um “forte” desempenho para a Vale no minério de ferro, considerando maiores preços e prêmios, inclusive de pelotas, o que deve se traduzir em boa lucratividade deste segmento, compensando volumes mais fracos e custos maiores em relação ao quatro trimestre de 2017. O banco previu receita de US$ 8,8 bilhões, Ebitda de US$ 3,9 bilhões e lucro líquido de US$ 2,1 bilhões. O BTG Pactual estimou números semelhantes, com receita de US$ 8,7 bilhões, Ebitda de US$ 4 bilhões e lucro de US$ 2,1 bilhões. Para o banco, a Vale continuará a reduzir seu endividamento para chegar a US$ 10 bilhões de dívida líquida.
O Bradesco estimou receita de US$ 8,3 bilhões, Ebitda de US$ 3,8 bilhões e lucro de US$ 1,8 bilhão. O Itaú BBA estimou, respectivamente, US$ 8,5 bilhões, US$ 4 bilhões e US$ 1,9 bilhão. Outros bancos ouvidos foram Citi, Santander e Morgan Stanley, além de uma instituição que preferiu não ser identificada.
Fonte: Valor Econômico