Os últimos leilões de infraestrutura vencidos pela CCR já rendem frutos à companhia. No segundo trimestre deste ano, o grupo viu seu lucro líquido crescer 25,1%, para R$ 347,4 milhões. A alta foi impulsionada pelos novos contratos fechados recentemente, principalmente o da Rodovia de Integração do Sul (RIS), concessão rodoviária arrematada em novembro de 2018.
A empresa também assinou contratos relevantes recentemente que tiverem efeito. A ViaMobilidade, concessionária que a CCR divide com a Ruas Invest, assinou em abril de 2018 o contrato com o governo paulista para operar a linha 5-Lilás do Metrô e a 17-Ouro do monotrilho. O consórcio também venceu o leilão da linha 15-Prata do monotrilho em São Paulo, mas a operação ainda não teve início.
Além disso, contribuiu para o resultado o aumento de 7,2% no tráfego de suas concessionárias de rodovias, aeroportos e trens urbanos, o que se traduz em mais receita. “A alta significativa vem também de uma base de comparação fraca. No mesmo período do ano passado tivemos o efeito da paralisação dos caminhoneiros [iniciada em maio]”, diz Marcus Macedo, gerente de relações institucionais da CCR.
A receita líquida da companhia teve alta de 6,9% no segundo trimestre, chegando a R$ 2,5 bilhão. O faturamento bruto com pedágios de rodovias, muito afetadas pela greve do ano passado, teve alta de 10,4%.
Apesar do desempenho positivo, no acumulado do primeiro semestre, o resultado ainda é negativo na comparação com 2018. O lucro líquido na primeira metade do ano foi de R$ 705,4 milhões, uma queda de 2,6%.
A CCR vêm de dois trimestres turbulentos, principalmente por conta do impacto dos acordos de leniência fechados com a equipe da Lava Jato. No fim de 2018, a CCR teve prejuízo de R$ 307,1 milhões. Nos primeiros três meses deste ano, a empresa conseguiu um lucro de R$ 358,1 milhões, 19,9% menor do que no mesmo período do ano passado.
Os acordos de colaboração com o Ministério Público ainda tiveram impacto no segundo trimestre, mas bem menor. A CCR registrou no período R$ 14,4 milhões de receitas não recorrentes, por conta de gastos com assessores legais (R$ 10,4 milhões) e o recolhimento de impostos referentes aos desembolsos da leniência.
Além disso, a provisão para os pagamentos devidos pelas colaborações teve um aumento de R$ 7,5 milhões. Esse saldo adicional é apenas uma atualização, devido à correção monetária dos valores que ainda não foram depositados, segundo Macedo.
A CCR se comprometeu a pagar R$ 750 milhões à força-tarefa da Lava Jato, no Paraná, até 2021. Os desembolsos têm sido feitos por meio de uma multa (R$ 35 milhões), pela redução da tarifa de pedágio até chegar a um corte de R$ 350 milhões, e com novas obras ainda em definição. Além disso, o grupo fechou um acordo de R$ 81,5 milhões com o Ministério Público de São Paulo, que terminará de ser pago no início de 2020.
A alavancagem (medida pela dívida líquida pelo Ebitda ajustado operacional) terminou o segundo trimestre em 2,5 vezes, uma redução em relação ao índice de 2,7 vezes registrado há um ano. Para Macedo, essa redução indica que o grupo está preparado para novos investimentos.
Fonte: Valor Econômico