Das sacadas dos apartamentos e das janelas dos carros, o que se vê é uma rápida reconfiguração espacial. Desde junho deste ano, o avanço das obras do metrô na Avenida Luís Viana (Paralela), em Salvador, tem colocado em evidência o aterramento integral ou parcial de duas lagoas e a retirada de mais de 1.300 exemplares de árvores.
Conforme a CCR Metrô Bahia, empresa que administra o transporte em construção, todas as mudanças estão amparadas por licenças ambientais e têm em vista uma revolução no sistema de transporte da capital baiana. A previsão da concessionária é de que todos os procedimentos ao longo dos 12 quilômetros da via sejam concluídos até meados de 2017.
Dentre as mudanças que alteram o visual do canteiro central da avenida, está o aterramento total da lagoa localizada nas imediações do bairro do Imbuí. Sobre o local, a CCR detalha que será construída uma ponte, por onde passarão trilhos do metrô. Ao final das obras, debaixo da ponte, a empresa afirma que a lagoa será recuperada e a capacidade de armazenamento restabelecida.
Conforme a CCR, a lagoa do Imbuí é um bolsão de retenção de água, criado artificialmente, que compõe o sistema de macrodrenagem da Avenida Paralela. “A lagoa artificial da região do Imbuí não é perene, ou seja, seca nos períodos de baixo índice pluviométrico”, explica a empresa, por meio de nota, sobre a viabilização da realização de obras no local.
A lagoa do bairro de Flamboyant, na região do Alphaville, também passa por processo parcial de aterramento. Assim como no Imbuí, a CCR afirma que sobre o local será construída uma ponte, por onde deve passar o metrô, e destaca que a concentração hídrica no espaço será igualmente revitalizada.
“A lagoa da região Flamboyant é perene e seu volume é controlado pela permeabilidade no solo e por um bueiro que conduz a água para o sistema de macrodrenagem do município, evitando que a água da lagoa atinja as pistas da Avenida Paralela”, explica a CCR sobre a função do espaço, que também foi construído artificialmente.
Segundo a concessionária, as obras na região dos lagos devem durar cerca de quatro meses. Sobre os peixes que viviam nos espaços, a empresa afirma que os animais foram remanejados para outras lagoas da capital, como a localizada nas instalações do Exército, no bairro do Imbuí, e em frente ao Shopping Paralela, sentido Centro.
As pontes construídas sobre as lagoas, segundo a CCR, irão integrar os únicos trechos de elevação do metrô na Avenida Paralela. O percurso restante será feito em superfície.
Conforme o Instituto do Meio Ambiente e Recursos Hídricos da Bahia (Inema), a licença para instalação do metrô na Avenida Paralela foi concedio no dia 24 de dezembro de 2014, pouco mais de três anos após a Secretaria de Desenvolvimento Urbano (Sedur) ter solicitado licença de localização.
Árvores
Além das intervenções nas lagoas, conforme o Inema, as obras do metrô ao longo da Avenida Paralela prevê a retirada de 1.364 exemplares arbóreos isolados, sendo 609 nativas, 740 exóticos e 15 mortos. O instituto afirma que maior parte dos espécimes existentes na região foram plantados com fim paisagístico e sem qualquer característica de ecossistema florestal.
Para aplacar os efeitos da retirada das árvores, o Inema diz que ficou condicionado na licença a elaboração de projetos de recomposição florestal, paisagísticos e urbanísticos, de modo a requalificar a região, possibilitando a preservação ambiental e proporcionando aos usuários das áreas e a população local novas possibilidades de lazer.
Conforme a CCR, o projeto desenvolvido pela empresa prevê a compensação das árvores removidas para a implantação do metrô, com o replantio de 6.700 árvores, principalmente espécies nativas de Mata Atlântica, ao longo de aproximadamente 20 quilômetros do novo parque que será erguido junto com a nova linha do metrô. Segundo a CCR, o volume de árvores será três vezes maior que o existente atualmente no canteiro central.
Metrô na Paralela
Das 12 estações previstas para a Linha 2 do Metrô, em Salvador, entre o Acesso Norte e Aeroporto, oito serão instaladas na Avenida Paralela. São elas: Pernambués, Imbuí, CAB, Pituaçu, Flamboyant, Tamburugy, Bairro da Paz e Mussurunga.
No primeiro semestre de 2016, a CCR estima que as três primeiras estações da Linha 2 – Acesso Norte, Detran e Rodoviária -, já estejam operando. Até o segundo semestre de 2016, a expectativa da empresa é de que as estações de Pernambués e Imbuí já estejam prontas.
Fonte: globo.com