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Vale inaugura S11D, maior investimento privado do Brasil

A Vale inaugura amanhã, em Canaã dos Carajás, sudeste do Pará, o maior projeto de minério de ferro da história da companhia, batizado de Complexo S11D Eliezer Batista, em homenagem ao ex-presidente da companhia. Com investimentos previstos de US$ 14,3 bilhões, o S11D entrará em operação comercial em janeiro de 2017 tendo entre seus objetivos manter a posição da Vale como a mineradora de ferro de menor custo da indústria. A previsão é que o custo do minério do S11D entregue no porto da Vale em São Luís (MA) seja de US$ 7,7 por tonelada, 41% menor sobre o número atual da empresa, de US$ 13 por tonelada. Mais recentemente, dentro da estratégia de privilegiar margens ao invés de volumes, a Vale estendeu a maturação do projeto. A capacidade nominal, de 90 milhões de toneladas anuais, que seria atingida em dois anos, deve agora ocorrer só em 2020, daqui a quatro anos.

A inauguração do S11D, com a presença prevista do presidente Michel Temer, se dá em momento de recuperação nos preços do minério de ferro. No mercado, há receio que uma eventual escalada nos preços leve a Vale a acelerar a produção do novo projeto, inundando o mercado com minério. Mas em recente encontro com investidores em Nova York, o diretor-executivo de ferrosos da Vale, Peter Poppinga, disse que a empresa não pretende apressar o desenvolvimento do S11D. “Hoje, do jeito que nós estamos vendo, não temos nenhum plano para acelerar o S11D”, disse Poppinga.

Em anos recentes, a sobreoferta da commodity impulsionada sobretudo pelas mineradoras australianas foi determinante para derrubar os preços. Em 2016, a disciplina sobre a oferta ajudou por sua vez na recuperação das cotações. A estratégia da Vale, nesse contexto, passa por aproveitar a qualidade do minério do S11D para aumentar a mistura com os minérios mais pobres produzidos pela empresa nos sistemas sul e sudeste, em Minas Gerais, de forma a melhorar o preço final dos produtos e ampliar margens. Essa mistura será feita em maior escala em portos da Ásia, incluindo a China, e também do Oriente Médio, como Omã. Em 2017, a capacidade de mistura fora do Brasil vai aumentar mais de 5 vezes, atingindo volume entre 80 milhões e 90 milhões de toneladas ante uma capacidade de 18 milhões de toneladas em 2015.

Feitas as contas, o S11D vai acrescentar, em etapas, uma capacidade “líquida” de 75 milhões de toneladas de minério de ferro ao sistema norte da Vale, no Pará. A produção na região sairá de 155 milhões de toneladas em 2016 para 230 milhões em 2020. Assim, a produção total da Vale, incluindo Minas Gerais, ficará entre 400 e 450 milhões de toneladas por ano até o fim da década ante produção prevista para 2016 entre 340 milhões e 350 milhões de toneladas.

A previsão é que a Vale realize os primeiros embarques comerciais do S11D em janeiro. De acordo com os últimos dados disponíveis, o avanço físico do projeto é de 96%, incluindo mina e unidade de beneficiamento. A estocagem de minério de ferro nos pátios foi iniciada com mais de 300 mil toneladas de minério bruto. A estimativa inicial era de que o projeto custasse US$ 19,7 bilhões considerando mina, beneficiamento e logística. Mas ganhos na implementação do projeto e também variações cambiais ajudaram a reduzir esse custo para US$ 14,3 bilhões, dos quais US$ 6,4 bilhões referem-se à mina e à usina e US$ 7,9 bilhões correspondem à parte logística, que inclui a construção de um ramal ferroviário da Estrada de Ferro de Carajás (EFC) e novos berços para atracação de navios no Terminal de Ponta da Madeira, da Vale, em São Luís (MA). Esses números fazem do S11D um dos maiores investimentos privados recentes do Brasil.

Outro aspecto relevante do S11D para a Vale e para a indústria da mineração é a tecnologia aplicada. Frente às dificuldades cada vez maiores para as mineradoras conseguirem licenças ambientais – processo que se tornou ainda mais sensível depois do caso Samarco -, o S11D traz inovações.

Apostou no processamento do minério a seco, sem uso de água, o que dispensa barragens, e também um sistema de correias para transportar o minério da mina até a usina de beneficiamento sem a necessidade dos caminhões fora de estrada. Dessa forma, o projeto preservou uma área maior da Floresta Nacional de Carajás (Flona), de onde a Vale extrai o minério. Na sexta-feira passada, a Vale conseguiu a licença de operação do S11D, emitida pelo Ibama. Assim, a inauguração do projeto representa, simbolicamente, o início de uma nova etapa, desde os primeiros estudos do empreendimento, há 15 anos.

Fonte: Valor Econômico



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